Uma das coisas mais essenciais a vida é o solo, desde os primórdios da história da humanidade até os dias de hoje. É base para nossa alimentação, habitat para muitas espécies e importante reservatório de água.
Entretanto cada vez mais vemos esse sendo explorado, através da atividade excessiva da agricultura, do desmatamento, da pecuária entre outros fatores. Isso acaba resultando muitas das vezes em danos severos como a desertificação. Entenda então o processo da desertificação no Brasil.
Mas afinal o que é desertificação?
Simplesmente um processo de transformação de uma área verde, vegetativa em deserto, através da perda da capacidade produtiva dos solos. E isso ocorre quando as atividades sobre a terra excedem o nível suportado e a sustentabilidade do solo.
Ao longo do processo, o solo vai se tornando árido e infértil e consequentemente as atividades econômicas (ou não) exercidas na área se tornam inviáveis.
A desertificação normalmente ocorre por conta de atividades humanas que pressionam ecossistemas mais frágeis que possuem baixa capacidade de regeneração, como regiões de clima semiárido, árido e sub úmido seco, de acordo com a classificação da ONU.
Como ocorre?
Com o tempo o solo vai perdendo a capacidade manter a vegetação e a partir disso, conforme a chuva cai no local, fica mais seco, até não apresentar condição alguma para uso e sobrevivência de fauna e flora e esse ciclo que se repete só vai acelerando o processo.
Onde ocorre?
A desertificação normalmente acomete regiões de países subdesenvolvidos. Aqui no Brasil, o Nordeste é mais afetado devido ao seu clima. Ao todo por aqui, há ao menos 4 pontos de desertificação de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Segundo o Laboratório de Análise de Imagens e Satélites (LAPIS), isso representa 16% do território nacional.
Com relação as áreas afetadas no país, pode-se listar:
Irauçuba – Ceará
Gilbués – Piauí
Seridó – Rio Grande do Norte e Paraíba
Cabrobó – Pernambuco
Causas da desertificação
Tem-se como principal e mais preocupante causa da desertificação a ação humana.
E as ações que levam a ocorrência desse processo são diversas. Podemos citar como exemplos:
– Desmatamento;
– Mineração;
– Sobre uso/uso inapropriado do solo (monoculturas comerciais);
– Queimadas;
– Uso excessivo de agrotóxicos;
– Secas severas;
– Exploração excessiva de ecossistemas frágeis;
– Poluição.
Essas atividades (e outras não citadas) contribuem para a perda de qualidade do solo. Além disso, fatores externos como crescimento exponencial da população e demanda crescente por energia e recursos naturais favorecem para uma maior pressão sobre as atividades que dependem do solo e aceleram o processo de desertificação.
Consequências
Além de tudo isso, as consequências da desertificação atingem o meio ambiente, a população direta ou indiretamente e o setor econômico.
Um solo infértil é incapaz de suportar vegetação alguma, de forma que afeta a produção e oferta de alimento em determinadas regiões e justamente por conta disso, populações se veem obrigadas a migrar para outras regiões, normalmente os centros urbanos.
E como num efeito dominó temos, solo infértil, produção de alimentos afetada, migração da população local para os centros urbanos, pobreza, desemprego e condições precárias dessa mesma população nas cidades por falta de oportunidades.
Ademais, a desertificação ainda prejudica a fauna e flora local, com risco de extinção de diversas espécies.
E como se não bastasse, como dito anteriormente esse processo ocorre de maneira mais intensa em países em desenvolvimento. Desta forma a perda de solo fértil e agricultável, gera grandes impactos sociais e econômicos, uma vez que grande parte da economia desses países depende da agricultura.
Remediação e prevenção
Na década 70, em Sahel, na África, por conta de uma longa seca que tornou o solo infértil, a agricultura se tornou inviável e cerca de meio milhão de pessoas morreram de fome na época. Por conta desse terrível ocorrido foi realizada uma conferência internacional das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, onde foram debatidas ações a serem implementadas para combater esse processo em todo o mundo.
Entretanto desde então poucos países de fato se comprometeram em adotar as ações propostas.
É importante termos ciência que o processo de desertificação pode ser controlado, evitado e revertido, porém para isso grandes forças precisam agir sobre o problema, envolvimento político é necessário, para que haja capital para as ações, uma vez que o investimento para a recuperação dessas áreas degradadas é na ordem de milhões de reais, além do auxílio técnico e incentivo a preservação.
Algumas atividades que ajudam a combater a desertificação são: recuperação da mata ciliar; recuperação de áreas parcialmente degradadas; reflorestamento; redução das atividades intensivas em áreas que apresentam risco; educação ambiental para a população; investimento em pesquisas na área; entre outras.
Cenário da Amazônia
Uma das grandes preocupações atuais no Brasil é a Amazônia. Isso porque é um ecossistema de importância imensurável como regulador do climático, casa para inúmeras espécies de fauna e flora, maior sequestrador de carbono do mundo etc. Os benefícios que a floresta traz para o planeta são muitos.
Entretanto cada vez mais vemos números aterrorizantes de queimadas e desmatamento da área. Em consequência disso, de acordo com estudos, o processo de savanização da Amazônia já começou em algumas regiões, sendo observados períodos de secas mais longos e animais característicos no Cerrado na região.
A savanização é a transformação de um ecossistema em Savana, que equivale ao nosso Cerrado. É “um estágio anterior” a desertificação, mas ainda sim já pode trazer malefícios imensuráveis para o meio ambiente.
Já passou da hora de medidas serem tomadas. É necessária pressão constante da população sobre o governo, já que sozinhos não podemos atuar de maneira significa nesse problema. Mudanças estruturais na agricultura, indústrias, pecuária precisam surgir e só assim reverteremos o quadro atual.