Tratamento de Esgoto

Dando sequência ao tema saneamento básico, aqui vamos abordar a questão do tratamento de esgoto.

Mas antes de falar sobre o tratamento, você já parou pra pensar no porquê ele é necessário?

No post anterior falamos sobre os sistemas de esgotamento sanitário e um pouco sobre os impactos ambientais e sanitários de seu lançamento sem tratamento, os quais estão relacionados à presença de matéria orgânica, macronutrientes e organismos patogênicos em sua composição.

Se você já leu o post, sabe que todo o esgoto coletado, geralmente, termina sendo despejado em algum corpo hídrico.

Porém, antes do despejo o ideal é que esse esgoto seja tratado e atenda aos padrões de qualidade da água do corpo receptor, para não contaminar e piorar a qualidade desse corpo hídrico, nem prejudicar o processo de autodepuração da água.

Mas além disso, existem outras questões importantes a serem consideradas.

Não é novidade nenhuma que a questão do saneamento básico possui uma série de desafios a serem superados, além da questão do crescimento populacional, aumento da demanda de água, energia e nutrientes, enfim.

Diante disso, é importante pensar na gestão desses recursos de forma integrada. Mas como assim?

É preciso pensar no esgoto não mais como um resíduo, simplesmente como algo a ser descartado, mas sim como um recurso.

Enxergar o esgoto (água residuária) como uma fonte de reúso de água a partir do tratamento do esgoto, geração de energia através do material orgânico presente no esgoto, recuperação dos macronutrientes para aplicação na agricultura, etc. 

Para tanto, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) deveriam ser concebidas sob a perspectiva da recuperação de recursos e não apenas na capacidade de remoção de poluentes e contaminantes para atingir os padrões de lançamento estabelecidos pela legislação.

Estação de Tratamento de Esgoto

Uma ETE é composta por uma série de processos e operações físicas, químicas e biológicas que tratam o efluente.

O tratamento do esgoto pode ser realizado pensando tanto em seu lançamento em um corpo hídrico, como em sua reutilização. Além de evitar a poluição ambiental e contaminação por organismos patogênicos. 

Para tanto, deve haver a remoção de material orgânico, sólidos, nutrientes e organismos patogênicos, tratando não apenas a fase líquida do esgoto, como também a fase sólida que são os resíduos gerados durante o tratamento do esgoto.

As ETEs não necessariamente precisam seguir a mesma concepção, utilizar as mesma metodologia e tecnologias, pois isso depende das características do efluente a ser tratado, bem como da eficiência que se deseja alcançar. 

Tratamento da Fase Líquida:

O tratamento da fase líquida do esgoto é implementado em diferentes níveis, onde há um tratamento preliminar, o tratamento primário, secundário e terciário.

Fonte da imagem: https://samaesl.sc.gov.br

O tratamento preliminar é um processo físico que consiste na remoção de sólidos grosseiros, isto é, sólidos de maior dimensão presente no esgoto.

O tratamento primário é um processo físico-químico que consiste na remoção de sólidos suspensos sedimentáveis através da adição de produtos químicos, havendo a separação de partículas através do processo de floculação e sedimentação.

Já o tratamento secundário é um processo biológico que visa remover a matéria orgânica presente no esgoto por reações bioquímicas aeróbias ou anaeróbias, isto é, na presença e na ausência de oxigênio. 

E o tratamento terciário visa remover poluentes específicos, então o tratamento aplicado depende do tipo de poluente presente no esgoto.

Neste último, pode haver a etapa de filtração, cloração, ozonização, remoção de cor, sólidos inorgânicos, dentre outras, aplicadas para a reutilização dessa água residuária ou mesmo para sua recirculação em sistema fechado.

Tratamento da Fase Sólida

O tratamento da fase sólida do esgoto consiste em gerenciar o lodo gerado durante o tratamento da fase líquida do esgoto. Muitas vezes o lodo gerado é direcionado a um aterro sanitário.

Por isso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) incentiva a adoção de outras alternativas mais sustentáveis, como o reaproveitamento desse resíduo antes do descarte final. 

O tratamento do lodo envolve as etapas de adensamento, estabilização, digestão, filtração e descarte.

Fonte da imagem: https://samaesl.sc.gov.br

Adensamento: os adensadores fazem com que o lodo torne-se mais concentrado através da separação de uma parte da água.

Flotação: é introduzida água com microbolhas de ar, contribuindo para a separação da água do sólido.

Digestadores: recebem o lodo proveniente do sistema de adensamento e contêm microorganismos anaeróbios que degradam a matéria orgânica presente no lodo, gerando gás metano e água.

Filtros: nos filtros, o lodo proveniente do condicionamento químicos é desidratado, passando a conter 40% de sólidos.

Por fim, o lodo é armazenado e desidratado para ser disposto em aterros sanitários.