Economia Solidária e a Reciclagem de Resíduos Sólidos

Você já ouviu falar na economia solidária? Aqui iremos abordar um pouco sobre o tema e entender qual a relação entre a economia solidária a reciclagem de resíduos sólidos.

A economia solidária é uma iniciativa econômica em que os trabalhadores se organizam coletivamente.

Conforme explica o Ministério da Economia, “enquanto na economia convencional existe a separação entre os donos do negócio e os empregados, na economia solidária os próprios trabalhadores também são donos”. 

Podem se organizar em associações, grupos, cooperativas, empresas, etc.

No Brasil, os grupos que desenvolvem a economia solidária no Brasil podem ser organizados em quatro categorias: Empreendimentos Econômicos Solidários, Entidades de Apoio e Fomento, Organizações de Representação e Governos.

O ministério esclarece, ainda, que a economia solidária é baseada em alguns princípios:

  1. Cooperação;
  2. Autogestão;
  3. Ação Econômica;
  4. Solidariedade.

Os empreendimentos da economia solidária são apoiados pela Secretaria Nacional de Economia Soldária (SENAES) e também contam com entidades de apoio e fomento (EAF’s) como ONGs, incubadoras universitárias de cooperativas populares e empreendimentos solidários.

Diversos órgãos governamentais atuam no fomento à Economia Solidária, nos três níveis: federal, estadual e municipal.

Além disso, diversos movimentos sociais e organizações que representam os empreendimentos estão presentes na luta pelo desenvolvimento da economia solidária, atuando na mobilização e defesa dos interesses destes empreendimentos  junto ao Estado e à sociedade. Por exemplo:

  • O Fórum Brasileiro de Economia Solidária;
  • A União Nacional das Organizações Cooperativas Solidárias (UNICOPAS);
  • O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis;
  • A Associação Nacional do Cooperativismo de Crédito de Economia Familiar e Solidária (ANCOSOL);
  • A Confederação das Cooperativas Centrais de Crédito Rural com Interação Solidária (CONFESOL)

Como podemos ver, a organização coletiva dos catadores em cooperativas, associações, ou mesmo em grupos informais está presente no universo da economia solidária no país, sendo representada pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

O crescimento das cooperativas de reciclagem no país

Conforme apresentado em estudo sobre a economia solidária com foco nas cooperativas de reciclagem, uma pesquisa do Ciclosoft/CEMPRE 17 (2012) “apontou que em 1994, somente 81 cidades tinham operacionalizadas a coleta seletiva, porém em 2012, o número de cidades era de 766 municípios com o programa, e políticas como alternativa de geração de trabalho e de renda para os catadores e catadoras”. 

A crescente urbanização no país trouxe consigo o aumento do desemprego, dentre outras transformações sociais nas quais os(as) catadores(as) também acompanharam, alterando suas atividades. Assim, estes passaram a coletar, principalmente, materiais como plástico, papel, papelão, vidro e metais.

Além disso, a crescente mudança e discussão acerca da temática ambiental, resíduos sólidos e desenvolvimento sustentável, foram importantes para construir uma nova percepção do conceito de “lixo” (resíduo) como sendo algo que possui valor agregado.

Tudo isso contribuiu para a formação de uma nova visão sobre o trabalho dos (as) catadores (as), coleta seletiva e a reciclagem de resíduos sólidos. Ademais, o MNCR instigou a mobilização destes trabalhadores resultando em avanços nas políticas públicas e melhorias nas condições de trabalho dos cooperados.

O que a economia solidária tem a ver com a reciclagem de resíduos?

Em boa parte dos casos, esse crescimento das cooperativas no setor da reciclagem adveio juntamente de iniciativas de subsídio do setor público, incluindo estratégias de inclusão social e ambiental, seja por meio do suporte à criação e organização em cooperativas, ou subsídios monetários.

As funções e atribuições que uma cooperativa de catadores  para o exercício pleno de suas atividades envolvem questões relacionadas à coordenação e administração, além da coleta, triagem e comercialização dos resíduos, conforme apresenta o estudo citado.

Diante disso, a economia solidária se torna uma importante ferramenta de desenvolvimento social, pois quando empregada corretamente, assegura a subsistência e aperfeiçoamento das condições de vida dos trabalhadores. 

Portanto, pensando no questionamento feito há pouco, a economia solidária é uma questão importante na questão da reciclagem de resíduos no Brasil.

Conforme apresentado no texto aqui do blog sobre os catadores (as) e as cooperativas de reciclagem, é através destes que grande parte dos resíduos são coletados e destinados à reciclagem no Brasil.

Para tanto, é fundamental que o setor seja amparado não apenas economicamente, mas também socialmente.

A economia solidária, proporciona desenvolvimento profissional, geração de renda e possibilita que setores mais “invisíveis” da sociedade saiam do anonimato e tenham seus trabalhos reconhecidos. Neste modo de produção, estes se tornam sujeitos críticos e conscientes com capacidade para compreender, influenciar o seu meio.

Considerações e perspectivas

Estudos relacionados ao tema, como o artigo desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apontam que as cooperativas de reciclagem ainda sofrem com problemas estruturais, contam com pouca organização fabril, havendo a necessidade de melhorar a eficiência dos processos, a comercialização, e a autogestão e a economia solidária.

Isso no mostra que ainda há um longo caminho a percorrer e conquistas a alcançar, mas isso só pode ser feito integrando todas as questões importantes nessa discussão.

Desta forma, novas conquistas e melhorias na articulação desses empreendimentos podem ser alcançadas com as organizações representativas, como o MNCR, bem como com o avanço nas políticas públicas e leis como a que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).