Dando sequência ao tema do saneamento básico, hoje vamos tratar da questão da disponibilidade hídrica e o abastecimento de água.
No ano de 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU), reconheceu o acesso a água limpa e segura como um direito humano essencial. Apesar de ser um direito e um bem inerente à vida humana, a situação no mundo ainda segue em sentido oposto.
Segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017, aproximadamente 1 em cada 3 pessoas no mundo não tem acesso à água potável.
Essa realidade existe por diversas razões, como casos de escassez, falta de planejamento para distribuição e utilização da água, falta de manutenção da infraestrutura , bem como questões de conscientização para uso racional deste recurso, poluição e contaminação.
Disponibilidade Hídrica
Que a Terra é um planeta abundante em água nós sabemos, só que quase a totalidade de toda essa água que existe aqui é inapropriada para consumo (cerca de 97%).
De toda a água que existe no planeta Terra, pouco menos de 3% corresponde a água doce e esta pequena quantia está presente na Terra de diversas formas: geleiras e calotas polares; na forma subterrânea e superficial.
Fonte: Blog Fonte Hídrica
Considerando os continentes do planeta, quase metade de toda a água disponível está presente nas Américas (cerca de 46%), conforme o gráfico a seguir, sendo que só no Brasil há cerca de 12% de todo esse percentual.
Portanto, é inegável o quão abundante em água é o nosso país.
No Brasil, a maior parte da água doce disponível concentra-se na região Norte (cerca de 68%).
No entanto, quando se trata do consumo de água, a região Norte é a que menos consome (cerca de 2%), seguida da região Centro-Oeste (4%), enquanto que a região Sudeste é responsável por cerca de 44% do consumo de água no país, seguida da região Sul (31%) e região Nordeste (19%).
De toda essa água disponível no país, seu consumo é direcionado para diversos fins. Estamos falando dos usos múltiplos da água.
Estudos revelam que quase metade da água disponível (cerca de 46%) é gasta com irrigação; cerca de 27% é consumida pelo setor doméstico urbano; 18% nas indústrias, 6% na pecuária e 3% doméstico rural.
Então, conforme nos mostram estudos e pesquisas na área, assim como a Terra, o Brasil é um país abundante em água. No entanto, apesar da grande disponibilidade hídrica, quando falamos em abastecimento de água não há distribuição igualitária, tampouco nas devidas condições.
Abastecimento de água no Brasil
Grande parte dos recursos hídricos do Brasil está concentrado em regiões onde há menor quantidade de pessoas, conforme colocado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Enquanto que nos grandes centros urbanos há elevada densidade populacional e forte demanda por recursos hídricos, conforme vimos há pouco.
Assim, além de lidar com a questão da grande diversidade geográfica do país, onde podemos usar como exemplo locais com clima semiárido que nem sempre têm acesso à água em quantidade suficiente, há também as consequências oriundas do processo de urbanização, como o aumento da poluição e contaminação dos recursos hídricos, interferindo na qualidade da água.
No caso de regiões metropolitanas, por exemplo, há também o desafio relacionado à frequente utilização da mesma fonte hídrica para diferentes usos, resultando em conflitos relacionados à quantidade e qualidade da água, segundo o ministério.
Além disso, o mesmo coloca que o planejamento, execução e a operação da infraestrutura se torna complexo e requer maior investimento uma vez que o abastecimento de grandes centros urbanos, geralmente, é feito por meio de sistemas que atendem várias cidades de forma simultânea e interligada.
O acesso a água potável
Conforme já foi abordado aqui no blog, além das desigualdades sociais e econômicas que assolam o país, existe a desigualdade ambiental e ela se torna ainda mais evidente quando tratamos da questão do saneamento básico.
Nesse quesito, o Instituto Trata Brasil nos mostra alguns dados que ajudam a entender a situação atual no país:
- 83,7% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada;
- São quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço básico;
- Quase todos os municípios abasteciam a população com água tratada desde 2008 (93,4%). Em 2017, esse percentual foi 94,9%.
Dados por região:
- No Norte, 57,5% da população é abastecida com água tratada;
- O abastecimento de água acontece para 73,9% da população no Nordeste;
- A região Sudeste abastece 91,1% da população com água tratada;
- No Sul, o índice de atendimento total de água é de 90,5%;
- O Centro-Oeste, abastece 89,7% da população com água tratada.
Como podemos constatar, a região mais abundante em água como vimos há pouco, é a que até hoje sofre com a falta de abastecimento de água potável, mesmo com uma debanda tão pequena quando comparada as outras regiões.
Portanto, apesar dos dados mostrarem uma avanço na questão do abastecimento de água tratada, ainda há muitas questões para resolver.
Uma delas seria, pelo menos, garantir alguma compatibilidade entre a disponibilidade hídrica e o abastecimento de água potável no país, bem como garantir que todos tenham acesso a esse bem sem distinções como vem ocorrendo.
Isso porque o direito a água tratada também é essencial para o desenvolvimento social e econômico da população, tanto quando para garantir a própria vida.
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