Roupa: um item presente no dia a dia de todos e indispensável em nossa sociedade. Roupa essa que usamos, trocamos, compramos e acumulamos muitas das vezes. Mas quando esse item chega ao fim da vida e não serve mais e nem tem conserto, o que devemos fazer? A reciclagem de roupas e tecidos existe?
Sim, esse tipo de reciclagem existe, mas no Brasil é rara e possuiu pouquíssimas iniciativas, a maioria delas, privada. E segundo dados do Sebrae, só no Brasil, cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são geradas por ano, desse total 80% delas vão parar em aterros e lixões. Dados que são alarmantes diante do fato que esse tipo de reciclagem não é forte no país.
Nesse contexto é importante ter em mente, que as vestimentas no geral possuem uma longa vida útil e não devem ser jogadas no lixo comum no primeiro sinal de defeito ou desgaste. As roupas que não servem mais, podem ser doadas para diversas instituições que desenvolvem campanhas de doação ao longo de todo o ano. Para a roupa que apresenta alguma avaria, o conserto pode ser a solução. E para aquelas que não têm jeito e o lixo parece o único destino possível, saiba que podem ser utilizadas como panos para a limpeza doméstica, ou até mesmo como matéria prima para o artesanato, na confecção de bolsas, lençóis feitos de retalho e o que mais a criatividade permitir.
Mas por que é tão necessário reciclar as roupas?
Quando descartadas de maneira incorreta as roupas podem trazer consequências ao meio ambiente, isso porque segundo Francisca Dantas Mendes, vice-coordenadora do curso de graduação Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, a decomposição de tecidos é lenta e pode levar meses, no caso das fibras naturais (algodão, linho, seda e lã), ou até centenas de anos, no caso das sintéticas (poliéster e derivados do petróleo).
Ademais, nos processos industriais diversos produtos químicos são adicionados aos tecidos, para o tingimento, tratamento antifúngico etc. Dessa forma quando as roupas são destinadas aos lixões e aterros, ao longo de sua decomposição podem contaminar o solo e os efluentes líquidos.
Por que a reciclagem desse tipo de resíduo é rara aqui no Brasil?
O processo de reciclagem de tecidos é muito trabalhoso e complexo, portanto a maioria das cooperativas no Brasil não oferecem a opção de reciclagem para esse tipo de resíduo.
Para ser reciclado, o tecido precisa ser separado por matéria prima (algodão, seda, poliéster) e comprimento de fibra. Entretanto depois de todo o processo, o material pode ser destinado para industrias de colchões, papel moeda, automobilísticos, metalurgia, entre outras, onde a vida desse resíduo é prolongada, uma vez que não irá para lixões.
Logística Reversa
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a responsabilidade do descarte sustentável dos itens adquiridos é dos consumidores, porém as empresas também têm parte dessa responsabilidade pós-consumo, fornecendo alternativas corretas e viáveis aos consumidores. A chamada “logística reversa”.
Dessa forma, caso você já feito o possível para salvar aquela roupa usada, mas agora precisa se livrar da mesma, uma boa saída é contatar os fabricantes do produto, para que eles recebam o material de volta ou indiquem uma alternativa correta de descarte.
Mas lembre-se, aquela roupa que você não gosta mais, pode passar a ser a roupa favorita de alguém. A doação ainda é a mais simples e mais eficaz alternativa de dar vida a uma roupa que iria para o lixo.
Por isso doe, repense o uso, reutilize e reduza o consumo.