O contexto do resíduo de construção civil no Brasil
Cada vez mais, com os avanços da urbanização, é comum vermos obras diversas compondo o cenário das cidades. Sejam obras comerciais, de grandes edifícios, ou até mesmo aquela casa própria sendo feita. Acontece que por mais frequentes que sejam essas cenas em nosso cotidiano, a maioria delas têm um problema em comum… A gestão dos resíduos da construção civil, mais conhecidos como entulho. Você sabe como funciona a reciclagem de entulho?
Primeiramente é necessário termos ciência de que é classificado como resíduo da construção civil qualquer material utilizado em uma obra. Desta forma, já é de se imaginar a grande quantidade de entulho gerado em uma simples construção, não é mesmo? O setor da construção civil é responsável por quase 50% do uso dos recursos naturais em nossa sociedade, os impactos para o meio ambiente são grandes, consumo de matérias, energia e água.
Segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil (ABRECON), só no Brasil, cerca de 290 mil toneladas de entulho são produzidas diariamente e a maioria desse resíduo é descartado de maneira incorreta em lixões, terrenos baldios, margens de rios. Esse tipo de resíduo quando em local inadequado gera danos a sociedade de maneira geral através das enchentes, poluição visual, proliferação de vetores de doenças etc.
Apesar de tudo, já existem diversas iniciativas para a gestão de entulho, entretanto não são de conhecimento geral, não atendem toda a população ou são pagas. Muito mais pode ser feito para que a situação atinja o ideal. Ademais 98% dos resíduos de construção civil são recicláveis, mas por aqui no Brasil, apenas 21% é reciclado.
A reciclagem geraria grande economia para as obras e muitos recursos naturais seriam poupados.
O processo de reciclagem
Agora quando se trata da reciclagem, para uma melhor administração dos resíduos, eles são divididos em 4 classes, A, B, C e D.
A Classe A, consiste em resíduos que são recicláveis e que podem ser reutilizados. São provenientes de construções, reformas e obras de infraestrutura etc. Representa a classe mais abundante de resíduos (50% a 70% da massa total de entulho) e onde mais estão concentrados os esforços para reciclagem e reutilização de materiais.
Na Classe B estão os resíduos recicláveis que são formados por plásticos, metais, papéis, vidros e madeiras em geral, assim como gesso.
A Classe C, com os resíduos que ainda não possuem tecnologias viáveis para que a reciclagem ocorra.
E por último a Classe D que consiste naqueles resíduos que apresentam risco, como solventes, óleos, amianto etc. E que devem ser descartados da forma mais prudente possível.
A reciclagem desse tipo de material já é uma realidade viável no Brasil e acontece nas Usinas de Reciclagem de Resíduos de Construção Civil, focando principalmente na classe A de resíduo.
O processo de reciclagem do material se dá por etapas, onde ocorre primeiramente a inscrição e avaliação de qualidade, a trituração e em seguida a granulagem, que separa em frações, proporcionando uma nova destinação ao material reciclado.
Os materiais provenientes desse processo são areia, brita, pedrisco, bica corrida, entre outros e podem ser comercializados para um novo fim.
Além disso, existe a possibilidade de reciclagem interna, por meio do aproveitamento dos resíduos dentro da própria obra.
Legislação a respeito do descarte
Se a reciclagem e o descarte desse tipo
de resíduo se tratam de um problema público, ações e leis mais severas deveriam existir para um maior controle, não é mesmo? Acontece que as leis existem, mas são cumpridas ao pé da letra.
No Brasil, a resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a lei 12.305/2010, que instituem e dispõem sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), juntas determinam as leis a respeito do descarte de resíduos da construção civil.
Ambas estabelecem que a responsabilidades de descarte adequado desse tipo de resíduo é dos geradores, transportadores e administradores municipais. Uma responsabilidade compartilhada é a chave do problema.
E se engana quem pensa que o problema do descarte inadequado se concentra nas grandes obras, tanto do poder público, quanto privadas, pois estas sofrem com uma fiscalização maior e com multas severas para o controle. A grande maioria de entulho e lixo acumulado em lugares indevidos e deve a obras de pequeno porte. E isso ocorre justamente por uma falta de informação a respeito das políticas públicas ou dos malefícios dessa ação.
Mas então para onde devemos destinar os resíduos?
Para obras de pequeno porte existem alguns serviços, como a coleta domiciliar convencional (possui limite de 50 kg por dia), os ecopontos, que ainda são poucos, mas facilmente são encontrados por meio de buscas na internet ou empresas transportadoras, quanto o volume do resíduo é maior e há a possibilidade de pagar pelo serviço.
A responsabilidade do descarte do resíduo sempre é maior para quem gera, portanto seja consciente, procure saber de pontos de coleta próximos e lembre-se que pequenas atitudes transformam o mundo.