O grande problema da poluição eleitoral

Sabe aquelas coisas tão comuns em nossa realidade que muitas vezes não conseguimos enxergar que são um problema? A poluição eleitoral entra nessa lista, como foi possível observar nesse último processo eleitoral em diversas cidades. E se você pensa que a poluição gerada nas eleições se restringe a acumulação dos famosos “santinhos” nas ruas, você se engana, pois muitos outros processos que prejudicam o meio ambiente entram na conta, gerando o grande problema da poluição eleitoral .

Acontece que vivemos em um país democrático, onde ao longo do período eleitoral muita divulgação é necessária para que os eleitores conheçam os candidatos que ocuparão cargos importantes no governo, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Mas isso é normal e necessário, o problema se encontra justamente nos excessos e na forma de divulgação escolhida pelo candidato.

Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

Não é raro em dias de votação encontrar as ruas lotadas de santinhos, panfletos, adesivos, cartazes e muitos outros materiais descartáveis usados na propaganda eleitoral, amontoados no chão como um tapete. E a cada dois anos, esse ciclo se repete sem muitas mudanças.

Todavia o sucesso das mídias sociais e a oportunidade de um menor custo de investimento fez com que muitos candidatos migrassem para a divulgação nas redes. Dessa forma não se pode negar que houve uma melhora na quantidade de lixo gerado nesses períodos se compararmos a 10 anos atrás, por exemplo. Entretanto, o resultado está longe de alcançar o ideal. E em dias de votação é quase que impossível ir a uma zona eleitoral sem se deparar com alguns papéis jogados no chão.

Consequências da poluição eleitoral

Os impactos ambientais provenientes do processo eleitoral são decorrentes principalmente da propaganda eleitoral, por conta da poluição visual, eletrônica, sonora, atmosférica, da imensa geração de resíduos sólidos (citados anteriormente), além do desnecessário consumo de recursos naturais.

Foto: Rogério Cassimiro/Folha Imagem

Sabemos que para cada tonelada de papel produzido, são consumidos aproximadamente 20 árvores e 100 mil litros de água, com isso em período de eleições, milhares de árvores são derrubadas e bilhões de litros de água gastos no país, utilizados para um fim que dentro de poucos dias vira lixo.

Nesse contexto, uma grande consequência dessa poluição, se diz respeito ao acúmulo de papéis em vias públicas. Em diversos municípios o serviço de limpeza das ruas não é tão eficaz ou não alcança todos os pontos da cidade. Dessa forma, esses papéis vão sendo arrastados e na grande maioria da vezes adentram bueiros e bocas de lobo. Como consequência, em dias de chuva, essas saídas para vazão de água entopem e as enchentes e alagamentos se intensificam, prejudicando grandemente a população do local.

Além disso durantes alguns meses, milhares de carros de som passeiam com altíssimos volumes pelas ruas, gerando poluição sonora e contribuindo para o aquecimento global, além de comícios, passeatas e outras reuniões que no contexto de 2020 podem ter gerado aglomerações em diversos locais.

O que pode ser feito?

Para mudar essa realidade, a regulamentação e fiscalização deveriam ser mais rígidas, a legislação eleitoral deveria ser revista, para que assim limites fossem impostos. Limites esses como o controle do consumo de recursos naturais, do uso de carros (já que os mesmos contribuem a emissão de CO2), além de impor medidas de reciclagem obrigatória para os papéis e materiais distribuídos.

Mas e os eleitores, podem fazer algo?

Comos eleitores, poderiamos aceitar apenas os papéis e panfletos necessários para serem usados como “colinha” no momento da votação e descartá-los da maneira correta. E poderíamos procurar candidatos mais engajados com causa da defesa ambiental.

Pode parecer pouco, mas lembre-se que sua atitude conta muito e que pequenas atitudes transformam o mundo.