Impacto da pandemia no mercado de reciclagem.

Você já parou para pensar no impacto da pandemia no mercado de reciclagem? E nas famílias que dependem desses materiais? E o meio ambiente? Também não? Então vamos lá, que vou te contar melhor sobre o que está acontecendo.

São um grupo que estão sendo extremamente afetados nesse período em que estamos vivendo, mas que passa despercebido por grande parte da população.

Eles são responsáveis pela maior parte dos resíduos reciclados no Brasil, conforme os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), chegando a 90% de reciclagem!

Apesar de não serem muito notados, desempenham um papel muito nobre e que merece ser reconhecido, pois encontraram na reciclagem um meio de conseguir o seu sustento. Para muitos deles, é sua única fonte de renda, e, mesmo com medo de se contaminarem, continuam procurando materiais para conseguirem sustentar suas famílias.

Nos dá Trash2Money entrevistamos alguns catadores e depósitos de sucatas para entender melhor seus medos e dificuldades nesse período.

Catadores, seus medos e dificuldades.

Nome: Bismark Santos

Idade: 23 anos;

– Trabalha com reciclagem há 1 ano, não está podendo trabalhar no mercado atual pois pertence ao grupo de risco e tem muito medo de se contaminar. A reciclagem é sua única fonte de renda para sustentar sua família (esposa e filha recém-nascida). Outro agravante é que ele paga aluguel e o proprietário do imóvel não está sendo compreensivo.

Nome: Marcio Nunes;

Idade: 40 anos;

– Trabalha com reciclagem há 05 anos,  e informa que a renda caiu mais de 50% e também é sua única fonte de receita. Sem falar no medo de se contaminar, ele mesmo assim continua trabalhando para honrar seus compromissos e pagar seu aluguel.

Nome: Moises Miguel;

Idade: 51 anos;

– Trabalha com reciclagem há 10 anos, viu sua renda cair mais de 30%, sendo esta sua única fonte. Ele se viu tendo que percorrer maiores distâncias para encontrar os reciclados, pois muitos estabelecimentos e pessoas não estão separando seu lixo.

Como se não fosse o suficiente, sua dificuldade também está em achar depósitos de sucatas abertos para vender, pois quando os encontra, eles estão pagando muito abaixo do valor usual.

Nome: Maria Aparecida e Fernando Luís;

Idade: 51 e 52 anos

– Trabalham com reciclagem a mais de 05 anos. Sua renda teve uma pequena alteração, pois eles já tem os pontos de coleta definidos. Sua dificuldade está sendo a mesma do sr. Moisés: encontrar depósitos de sucatas abertos, e quando encontram eles estão desvalorizando o valor dos materiais. 

Sucateiras, seus medos e dificuldades…

Nome: Wilson Gate;

Idade: 57 anos;

– Trabalha com reciclagem a mais de 35 anos, está fechado e teve sua renda impactada em 100% pois está impossibilitado de abrir. São 15 pessoas (carroceiros) que trabalham com ele que estão parados nesse momento, mesmo as contas do dia a dia não parando de chegar.     

Nome: Deverson Wilson;

Idade: 54 anos;

– Trabalha com reciclagem mais de 35 anos, está fechado, teve sua renda impactada em 100%. 8 pessoas (carroceiros) e o filho que ajuda no negócio, estão parados. Tem aluguel do galpão e as contas que também continuam chegando.

Nome: Elisa;

Idade: 52 anos;

– Trabalha com reciclagem há 22 anos, também está fechada, sua renda foi muito impactada, mas ainda conta com a ajuda do marido que continua trabalhando. São mais de 25 pessoas que dependem do funcionamento do negócio para sustentarem a suas famílias.

São esses pequenos empreendedores, que vivem da reciclagem, como os depósitos de sucatas e cooperativas que estão impossibilitados de trabalhar, conforme determinação do poder público. Caso eles não respeitem, sofrerão penalidades cabíveis na lei.

Como os empreendedores, eles também tem seus funcionários, cooperados e associados que dependem do negócio funcionando, pois precisam horarem com os seus compromissos e sustentarem suas famílias. 

Muitos têm medo de não resistir a esse período de isolamento social, e terem que fechar as portas em definitivo, pois o lucro com a venda da reciclagem é muito baixo e dependem do giro do dia a dia para manter o negócio vivo. Eles pagam aluguel, funcionários e as contas mensais como todos nós.

Esse impacto da pandemia no mercado de reciclagem está sendo muito grande. Mas mesmo com medo das incertezas, uma coisa chamou muito nossa atenção na conversa com alguns catadores e donos de sucateiras: a esperança que vamos superar esse momento difícil, juntos!

Devemos nos orgulhar e agradecer que fazemos parte da mesma sociedade que eles, pois onde muitos vêem lixo, outros vêem oportunidades.